caminho sozinho
contra os faróis com pressa de chegarem a casa
caminho sozinho
e ninguém me segue. para lá do horizonte espera-me a noite
caminho sozinho
até me deixar ficar para trás
contra os faróis com pressa de chegarem a casa
caminho sozinho
e ninguém me segue. para lá do horizonte espera-me a noite
caminho sozinho
até me deixar ficar para trás
projectam-se sentimentos na tela da memória. queria agarrá-los, poder sentir a sua doce suavidade ou dura aspereza nos dedos. guardá-los no bolso, levá-los para casa, coleccioná-los em caixas de fósforos vazias.
mas rapidamente se evolam; nada deixam para trás a não ser o vazio da sua abstracta existência. tudo o que levo para casa é o frio da noite que tarda em cair.
como é reconfortante
num ápice o mundo poder acabar
num choque frontal faíscas metal retorcido
mas
neste momento tudo ser sereno
neste fim de tarde de fim de verão
no doce e arrepiante abraço da noite
no melancólico contorno das serras
que com a lentidão do que tem que ser
se vai esbatendo no céu