observo-a enquanto dorme.
adivinho-lhe serenidade na disposição das mãos. graciosidade no respirar. do fundo do tempo ainda me comove a inexplicabilidade de a presenciar.
enquanto espero
atraco os olhos nas copas das árvores, como se através delas pudesse
sorver a lama de cinzas do céu e elevar-me assim acima da poluição.
ruído branco como chuva a despenhar-se em telhados de zinco.
paz.
when i was a little kid my mother told me not to stare into the sun,
so once when i was six i did.
fault
and
fracture
caminho mas percebo-me imóvel,
como que seja o mundo a caminhar por mim. inevitavelmente acabo por perder os olhos na angústia do inatingível.
convenço-me a acreditar que num universo paralelo qualquer serei o primeiro.
num universo paralelo sou o primeiro.
vazio
como o antro da cela trancada
da minha mente
desprovido de qualquer significado
tão vazio
despido e quase enregelado
demente
como amor a esvair-se em nada
(1998)