quando o acaso que rege o universo dita que 1 + 1 = 1

desde que te conheci que acordo com os inevitáveis ruídos que fazes quando te levantas. juntos respiramos a poluição dos fins de tarde enquanto caminhamos de volta a casa. sorris antes de adormecermos.

para seres perfeita bastava materializares-te fora da minha mente; seres real, como quando te conheci.

nota mental…

não tenho uma fotografia sequer da brevidade daquele momento
tão perfeito

…pergunto-me se algum dia me abraçarás
fora do esquecimento dos meus sonhos

imerso nas ondas electromagnéticas

só.
até no éter cibernético

as linhas descansam

que melhor altura se não esta para deixar que o silêncio seja ouvido?

o tempo passa

o tempo passa. pura ilusão. como as sombras neste quarto. vim da rua. apetece-me ir para a rua

caminhar. com este frio a fazer-me companhia.

tentando distinguir a tua face no meio da multidão

perdido no som incessante da chuva acabo por cair desamparado no chão.

há automóveis que passam
mas nenhum pára
e a força da corrente arrasta-me penosamente até ao rio.

finalmente imponderável
liberto, por fim

dia quinze

quando o silêncio deixa ouvir o rumor das folhas e os ecos se esvanecem
resta a solidão

vivo num mundo que é meu e muitas vezes ao caminhar pelas ruas sinto-me ausente; como se fosse mero espectador de um filme

como se a minha existência não fizesse diferença

que diferença lhe faz se nunca nos voltarmos a ver?
de que serve gostar de uma música que nunca voltarei a ouvir?

insónia

acordei a desejar
não ser eu
quem estivesse a
acordar a desejar
não ser eu

sem título

percorri as linhas do metro à tua procura; com os olhos varri os cais na esperança de reconhecer a tua face.

voltei para casa vazio.

quando está frio

quando está frio gosto de caminhar pela rua bem agasalhado num casaco. ao fim da tarde, quando o sol se põe atrás dos prédios e os faróis dos automóveis se começam a acender.

desolação

chove
chove sempre nas ruas desoladas
onde gélidos ventos dissipam a tua doce memória