vii
do fundo da minha apatia observo a avalanche de lixeira humana que por mim passa.
atropelam-se escadas acima como ratos em fuga das cheias.
vi
escrevo mas existe saliva nos espaços
entre as palavras que articulo.
v
acelerador a fundo através da cortina de nevoeiro
até que uma colisão frontal me obrigue a estacar.
iv
tento picar-te para saber se és real; dizes que sim.
não és.
iii
a última brisa da tarde, por mais indefinível que seja
levar-nos-á com ela.
ii
a cidade deserta. submersa na escuridão.
flutuo pelos seus túneis. nado à velocidade do desespero. afogo-me na noite.
i
enfim só. como sempre estive, afinal.
a familiaridade da solidão como o abraço que não tenho.
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