o nunca.
a alma dispersa em milhares de electrões a fervilharem à velocidade da luz no vácuo asséptico dos circuitos integrados duma constelação de satélites geoestacionários. |
a alma dispersa em milhares de electrões a fervilharem à velocidade da luz no vácuo asséptico dos circuitos integrados duma constelação de satélites geoestacionários. |
é porque não suporto estar sem ti
resigno-me.
de tudo o que desejo
apenas uma coisa é certa_____.
+
vii
se fôssemos os únicos na terra
o ar expirado que alguma vez inspiraríamos seria só o nosso.
vi
“porquê?”
“porque quando te olho sinto a tua beatitude em mim.”
v
não há dedadas minhas no cromado.
cabe-me sempre a parte áspera.
iv
adormeci e
mais um anoitecer anoiteceu sem mim.
iii
prevejo o dia de amanhã.
será igual ao de ontem.
ii
só morrendo aos poucos
descubro que ainda estou vivo.
i
sai. da. minha. cabeça.
quero preciso de dormir.
+
acordo de mais um pesadelo recorrente
onde as cicatrizes se rompem uma e outra vez
onde as boas recordações nunca passam de sonhos singulares
sem carne rasgada por metal retorcido
sem vértebras estilhaçadas
…acordo para a noite.
que corri para casa para que ninguém me visse chorar
vii
do fundo da minha apatia observo a avalanche de lixeira humana que por mim passa.
atropelam-se escadas acima como ratos em fuga das cheias.
vi
escrevo mas existe saliva nos espaços
entre as palavras que articulo.
v
acelerador a fundo através da cortina de nevoeiro
até que uma colisão frontal me obrigue a estacar.
iv
tento picar-te para saber se és real; dizes que sim.
não és.
iii
a última brisa da tarde, por mais indefinível que seja
levar-nos-á com ela.
ii
a cidade deserta. submersa na escuridão.
flutuo pelos seus túneis. nado à velocidade do desespero. afogo-me na noite.
i
enfim só. como sempre estive, afinal.
a familiaridade da solidão como o abraço que não tenho.
+