self-help

self-help

vazio

vazio

como o antro da cela trancada
da minha mente
desprovido de qualquer significado

tão vazio

despido e quase enregelado
demente
como amor a esvair-se em nada
 
 
(1998)

empty-handed

empty-handed

regresso finalmente a casa.

vejo-te junto à praia, absorta,
olhando o horizonte distante.
corro para ti, esperançado.

digo-te por fim:
– sou o último homem na terra.

nem te dignas a olhar-me.
diriges-te simplesmente a casa
e engoles de um trago
o cálice de cicuta
que havias preparado.
 
 
pedro sousa

encho mais um depósito de gasolina.

conduzo.

as luzes dos faróis ávidas por engolirem a estrada.
nos retrovisores vejo-me a lavar-lhe os pés. ela perde os olhos no infinito.

nada como o gelo duma lâmina para raspar a pele carne da minha identidade.

encho mais um copo de gasolina.
bebo.

esta noite
eu
vou ser
o sol
.

hypermarket

hypermarket

vi-a numa carruagem do metro.

desolada. quando regressei à superfície o dia tinha acabado de findar. a noite como dois braços abertos.

entropy

t0 = 0 s

entropy
 
 
t1 = 830959 s

entropy
 
 
t2 = 1995883 s

entropy
 
 
t3 = 2678107 s

entropy

entropy

um primeiro adeus

a brisa matinal que por nós passa convida-nos a ir com ela. o traço com que vais preenchendo o guardanapo de papel é conduzido pela perfeição. desfoco o olhar no gancho que te prende o cabelo. tudo o resto se condensa num sussurro.

deixemos então que o silêncio paute a nossa mútua presença.
 
 
 
 
 
é assim que mais se diz.

driving as slow as i can

as if you were at the end of the freeway

driving as slow as i can

driving as slow as i can

driving as slow as i can

as if the rain could cleanse all that shouldn’t be.