o homem, caído no chão.

os braços inertes ao longo do tórax. do crânio fendido brota um rio vermelho que alaga o passeio até escorrer para a sarjeta. a mulher, de joelhos. desarranjada. tenta estancar o sangue com as mãos. chora. os gestos são aflitivos. em vão.

o silêncio da hora de ponta deixa que o nome clamado seja ouvido.

we are but stones

we are but stones

we are but stones

lapsos i (sonhos singulares)

vii

uma abelha arrastava-se entre as pedras da calçada.
podia tê-la esmagado.
 
 
vi

só estaria bem em lado nenhum.
contigo.
 
 
v

perdido algures entre as luzes da cidade e
o ruído de estática na minha cabeça.
 
 
iv

tu e eu. abraçados. imóveis. em silêncio.
indiferentes à multidão de gente que passa por nós.
 
 
iii

se o que sinto fosse fome
enfardava até rebentar.
 
 
ii

não completas as minhas frases.
és cada palavra.
 
 
i

nas minhas mãos tudo se parte.
tudo são estilhaços.

self.

self.

self.

observo-a enquanto dorme.

adivinho-lhe serenidade na disposição das mãos. graciosidade no respirar. do fundo do tempo ainda me comove a inexplicabilidade de a presenciar.

enquanto espero

atraco os olhos nas copas das árvores, como se através delas pudesse
sorver a lama de cinzas do céu e elevar-me assim acima da poluição.

enquanto espero

ruído branco como chuva a despenhar-se em telhados de zinco.
 
 
 
 
 
paz.
 
 
 

when i was a little kid my mother told me not to stare into the sun,

so once when i was six i did.

when i was a little kid my mother told me not to stare into the sun,

fault

fault

and

fracture

fracture

caminho mas percebo-me imóvel,

como que seja o mundo a caminhar por mim. inevitavelmente acabo por perder os olhos na angústia do inatingível.

convenço-me a acreditar que num universo paralelo qualquer serei o primeiro.
 
 
 
num universo paralelo sou o primeiro.

the day the whole world went away

the day the whole world went away