vii
do fundo da minha apatia observo a avalanche de lixeira humana que por mim passa.
atropelam-se escadas acima como ratos em fuga das cheias.
vi
escrevo mas existe saliva nos espaços
entre as palavras que articulo.
v
acelerador a fundo através da cortina de nevoeiro
até que uma colisão frontal me obrigue a estacar.
iv
tento picar-te para saber se és real; dizes que sim.
não és.
iii
a última brisa da tarde, por mais indefinível que seja
levar-nos-á com ela.
ii
a cidade deserta. submersa na escuridão.
flutuo pelos seus túneis. nado à velocidade do desespero. afogo-me na noite.
i
enfim só. como sempre estive, afinal.
a familiaridade da solidão como o abraço que não tenho.
+
marta
cada uma das palavras me lembra de mim… não sei que mais dizer, ou talvez não pares de escrever.
paulo ribeiro
marta: não estarás a exagerar um pouco? 😉 alguns desses trechos são muito “específicos” e não percebo como é que alguém se pode propriamente identificar com eles… talvez os tenhas interpretado de alguma forma que não a que eu pensei. irei continuar a escrever enquanto houver palavras em mim que peçam para serem escritas.