deitados no chão,

onde a frescura se pressente maior. a cidade trancada lá fora. fustigada pelo sol. a espaços, dilui-se o fragor do ruído dos aviões nas bandas de luz que escoam das persianas.

deixo que os olhos se fechem.

expiramos uma solidão antiga que logo se condensa, que logo decai como uma nuvem triste sobre os nossos braços despidos. os corpos despidos.

no enlevo do silêncio esquecemos decénios. imóveis. à espera que o tempo corra sem nós. que escapemos por fim à órbita da terra. que tudo o mais seja o vazio.

diáfanos. dois corpos como vasos comunicantes.